Psicologia Analítica ( ou psicologia profunda) como falam alguns é uma psicologia profunda de aplicações pratica herdeira de três tradições: A tradição médica do cuidado com o paciente, a tradição religiosa do cuidado com a alma e a tradição filosófica do diálogo com a busca da verdade. C.G. Jung, psiquiatra e psicoterapeuta descobriu em seus pacientes, assim como em si mesmo, a realidade da psique, e a fenomenologia de suas manifestações, num grau de profundidade que jamais havia sido observado de forma sistemática. Em consequência desta experiência pode reconhecer a fenomenologia expressa nos produtos culturais da humanidade-mito, religião, filosofia, arte e literatura. Ele penetrou na fonte última de toda religião e de toda cultura e descobriu, desta maneira, a base de um novo sincretismo orgânico da experiência e do conhecimento humano. Teoria e técnica revolucionário sobre a visão do homem com relação a si mesmo e ao mundo.
São específicos à psicologia analítica ainda a introdução de conceitos como arquétipo, complexo, símbolo, tipos psicológicos, inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, sincronicidade e individuação . Sua prática clínica não vê os sonhos como via régia para o inconsciente (como já postulou Freud um dia em relação à psicanálise) e sim nos complexos um caminho privilegiado aos conteúdos do Inconsciente e, segundo Carl Jung, seria a única psicologia que levou adiante dois legados de Freud, a saber: a pesquisa sobre os resíduos arcaicos e a sexualidade.
Costuma-se dizer que diferentemente de Freud, Jung via o inconsciente não apenas como um repositório das memórias e das pulsões reprimidas, mas também como um sistema passado de geração em geração, vivo em constante atividade, contendo todo o esquecido e também neoformações criativas organizadas segundo funções coletivas e herdadas. O inconsciente coletivo que propõe não é, apesar das incessantes interpretações de seus críticos, composto por memórias herdadas, mas sim por predisposições funcionais de organização do psiquismo.
Jung vê a Individuação como um processo e não um alvo a ser alcançado. Cada novo nível de integração deve submeter-se uma nova transformação para que o desenvolvimento se realize. De modo geral, a necessidade de individuação produz um estado em que o ego mantém uma relação com o si mesmo, sem estar identificado com ele. A dicotomia entre realidade externa e a interna é substituída por um sentimento de realidade unitária.
Por sessenta anos Carl Jung dedicou-se a analisar os processos vastos e profundos da personalidade humana. Seus escritos são volumosos e a extensão da sua influência, incalculável.
A personalidade total, ou a psique, conforme chamada por Jung, consiste em vários sistemas diferenciados, mas interatuantes. Os principais são o ego, o inconsciente pessoal e seus complexos, e o inconsciente coletivo e seus arquétipos, a anima e o animus, e a sombra. Além desses sistemas interdependentes, existem as atitudes de introversão e extroversão e as funções do pensamento, do sentimento, da sensação e da intuição. Finalmente, existe o self, que é o centro de toda a personalidade.
O ego é a mente consciente. Ele é constituído por percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. O ego é responsável pelos nossos sentimentos de identidade e de continuidade. O inconsciente pessoal É uma região adjacente ao ego. Ele consiste em experiências que outrora foram conscientes, mas que agora estão reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e em experiências que foram a principio fracas demais para deixar uma impressão consciente na pessoa.
O inconsciente pessoal É uma região adjacente ao ego. Ele consiste em experiências que outrora foram conscientes, mas que agora estão reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e em experiências que foram a principio fracas demais para deixar uma impressão consciente na pessoa.
Os arquétipos são componentes estruturais do inconsciente coletivo. Um arquétipo é uma forma universal de pensamento (ideia) que contém um grande elemento de emoção. Embora os arquétipos possam ser considerados como sistemas dinâmicos autônomos que podem ser relativamente independentes do restante da personalidade, alguns arquétipos evoluíram tanto que merecem ser tratados como sistemas separados dentro da personalidade. Eles são a persona, a anima e o animus e a sombra. O arquétipo das sombras consiste nos instintos animais que os humanos herdaram em sua evolução de vida. Conseqüentemente, a sombra representa o lado animal da natureza humana.
A psicologia Junguiana está basicamente interessada no equilíbrio entre os processos conscientes e inconscientes e no aperfeiçoamento do intercâmbio dinâmico entre eles, lutando sempre contra a unilateralidade e buscando sempre o equilíbrio entre os pares de opostos, conscientizando-os e integrando-os à consciência através da comunicação do eixo ego-Self.
Em relação à consciência, Jung desenvolveu as atitudes de extroversão e introversão, e as funções psicológicas pensamento, sentimento, sensação e intuição, usando tais conceitos no que chamou de Tipos Psicológicos. Segundo ele todos possuímos ambas as atitudes e ambas as funções, apenas em diferentes proporções, o que faz com que uns sejam mais extrovertidos, outros mais introvertidos, uns possuam mais desenvolvidas uma função em detrimento de outras etc.
A extroversão é uma atitude objetiva e a introversão é uma atitude subjetiva. Essas duas atitudes se excluem mutuamente, pois não podem coexistir simultaneamente na consciência embora possam alternar, e realmente o façam, uma com a outra. Uma pessoa pode ser extrovertida em determinadas ocasiões e introvertida em outras. Entretanto geralmente predomina uma dessas duas atitudes num determinado indivíduo durante a sua existência.
A função pensamento discrimina, julga e classifica os fenômenos a partir da lógica da razão, buscando avaliar objetivamente os “prós” e “contras” da natureza desses fenômenos. Nomeia e conceitua os objetos. De uma forma sintética, a função pensamento exprime o que é um objeto. Estabelece a relação lógica e conceitual entre os fatos percebidos. A função sentimento faz a avaliação dos fenômenos a partir de uma dimensão valorativa – eles são agradáveis ou não. Tal como o pensamento, julga, porém, não pela lógica da razão, mas pela lógica de valores pessoais – que, por sua vez, recebe influências dos valores sociais. O conceito de sentimento não deve ser confundido com os conceitos de emoção e afeto. Os sentimentos estão associados a uma dimensão valorativa de julgamento, já a emoção é um afeto de grande intensidade de energia chegando a alterar funções orgânicas, tais como batimento cardíaco e ritmo respiratório alterados por afetos de amor, ódio, ciúme, entre outros. A função sensação privilegia as informações recebidas pelos órgãos dos sentidos, constatando a presença sensorial das coisas que nos cercam no contexto do “aqui e agora”.
Corresponde à soma total das percepções dos fatos externos que ocorrem através dos órgãos dos sentidos. Por fim, a função intuição vai além da percepção (sensação), buscando os significados, relações e possibilidades futuras das informações recebidas.
Trata-se de uma apreensão perceptiva dos fenômenos (pessoas, objetos e fatos) pela via inconsciente. A intuição “vê” a natureza “oculta” desses fenômenos. A função intuição está associada a um tipo de percepção que antevê possibilidades de acontecimentos. Corresponde aos pressentimentos, palpites e impressões.
Pensamento e Sentimento são funções racionais e Percepção e Intuição são funções irracionais. E as funções psíquicas formam dois pares de funções opostas, entretanto, complementares: o pensamento é oposto, porém, complementar ao sentimento. E a sensação é oposta, porém, complementar à intuição.
Jung também estruturou as funções em função principal, que é a mais desenvolvida pelo sujeito, é usada de forma consciente; função auxiliar, que é a segunda mais desenvolvida, também utilizada de forma consciente, auxilia a função principal; função terciária, que possui desenvolvimento rudimentar, age num plano mais inconsciente; e função inferior, que é a mais indiferenciada, menos desenvolvida ou infantil, permanecendo num plano quase que exclusivamente inconsciente.
Todos os seus outros conceitos têm mais relação com o inconsciente. Em relação à dinâmica da personalidade, pode-se entender que no início da vida o bebê está ainda numa fase indiferenciada da mãe. Por não ter desenvolvido ainda um Eu próprio, compreende que ele e mãe são uma única individualidade, estando, portanto, numa fase robótica, onde não há limites ou fronteiras onde um começa e o outro termina. À medida que vai se desenvolvendo ele vai desenvolvendo as pulsões de vida e de morte, e aos poucos vai se diferenciando da figura materna, constituindo-se como um Eu diferenciado. Esse, porém, é apenas o início desse desenvolvimento e dessa diferenciação, pois durante a vida será necessário haver a diferenciação do ego também com o Self no processo de individuação.
Por ser riquíssima esta teoria, a compreensão dos vários fenômenos humanos, será bastante utilizada neste portal Vida Terapêutica.