Bioenergética:
Conforme Monteiro (2007), um termo Bioenergética que significa energia biológica. Adicionalmente, é um modo de entender a personalidade, que tem sua sustentação teórica no pensamento de WILHELM REICH em termos do corpo e de seus processos energéticos. Esses processos, a produção da energia por meio da respiração e do metabolismo e a descarga de energia no movimento e expressão dos sentimentos, são as funções básicas da vida. Desta forma, a tese fundamento da bioenergética parte do princípio de que corpo e mente são funcionalmente idênticos, isto é, o que ocorre na mente é o que ocorre no corpo e vice-versa, mais conhecida como a Teoria da Personalidade, baseada em fatores energéticos de Lowen (considerado um dos primeiros discípulos neo-reichianos).
A terapia Bioenergética inclui as técnicas Lowen de respiração e muitas das técnicas de Reich de liberação emocional. Utilizando de várias posturas corporais afim de trabalhar a energia bloqueada. Nestas posturas, a tensão aumenta em partes do corpo cronicamente tensas até torna-se tão grande ( a tensão) que o indivíduo ás vezes é forçado a relaxar sua couraça. As técnicas neo-reichiana desenvolveu-se graça Fredeick Mathias Alexander.
Alexander Lowen nos deixou um rico legado, com sua clareza e profundidade na compreensão do que o corpo pode expressar e da interação dinâmica do corpo com nossos pensamentos, sentimentos e emoções.
Esta terapia é bastante utilizada em casos de stress, fadiga geral, ansiedade, problemas respiratórios, dores de pescoço, costas, articulações são beneficiadas por esta técnica. Conquanto seja bem aplicada, nenhum corpo é totalmente livre de tensões. A liberação de energia no corpo pelo movimento, a recuperação da graciosidade e a sensação de estar vivo e vibrante não significam liberdade total. Libertar-se de condicionamentos antigos, motivados por perdas dolorosas, traumas, humilhações, etc. tem por objetivo a construção de novos modos de existir, de pensar e de estar no mundo.
O princípio central para o criador da Análise Bioenergética é tornar o corpo vivo – que para ele significa vibrante – e devolver-lhe a graça natural. Para isso é necessário desmanchar os congelamentos, áreas dissociadas do corpo como: mão fria e gelada, face pálidas, sem movimento ou sem expressão, em que o sangue e a energia circulam pouco ou muito lentamente.
Antes mesmo de se preocupar com uma análise do caráter, ou seja, do sistema de resistências do cliente que procura terapia, o terapeuta prioriza a observação de áreas congeladas ou dissociadas no corpo.
Técnicas de respiração, movimentos específicos e toques são utilizados enquanto conversa com o cliente. O objetivo é torná-lo consciente dessas áreas de seu corpo e do seu significado emocional ligado à sua história de vida.
O corpo pode revelar indícios que dão pistas para o terapeuta pesquisar, junto com o cliente, quais conteúdos inconscientes estão causando os distúrbios da personalidade. Como liberdade implica em responsabilidade, o sucesso da terapia depende do envolvimento do cliente, dentro e fora das sessões, realizando exercícios e tarefas indicados pelo terapeuta.
Lowen recomendava meia hora de exercícios por dia, prática que ele mesmo realizava com prazer enquanto sua saúde permitiu.
Os pés e os olhos são as duas extremidades de contato com o mundo e conectam realidade interna e externa. Enquanto os olhos trazem a percepção do mundo externo, pés e pernas bem enraizados são importantes para organizar essas percepções e devolvê-las ao cérebro com informações sobre equilíbrio, organização espacial, segurança, confiança, viabilidade.
Em muitas pessoas a falta de vida sensível nas pernas e pés é compensada por um exagerado desenvolvimento do ego. O ego busca segurança em conquistas que encubram sua insegurança aos olhos dos outros, mas a sensação interna de não ser bom o suficiente perdura. Um Terapeuta, com um bom conhecimento desta teoria e pratica, muito pode fazer por quem sofre destas couraças que bloqueiam a energia do corpo e da mente.
O objetivo da Análise Bioenergética é reequilibrar o paciente, desbloquear a circulação, em geral carregada de repressões, de tal forma que ao longo da terapêutica ocorre auto-percepção – a pessoa se dá conta de sua história, seus traumas e dificuldades – e, desta forma, retorno da fluidez natural do organismo (MONTEIRO, 2007). Fazem parte da análise Bioenergética três aspectos fundamentais: história de vida da pessoa, postura corporal e o padrão de comportamento.
A terapia bioenergética, também denominada “Análise Bioenergética”, propõe um interação homem-corpo-emoção-razão. É conduzida a partir da análise do corpo, pensamentos, emoções e ações (SANTANA, 2006). Para tanto, utiliza-se de conceitos fundamentais: couraça muscular, anéis ou segmentos da couraça muscular e técnicas corporais: grounding, respiração e massagem. A vegetoterapia é uma técnica corporal criada por Wilhelm Reich, que tem, basicamente, o mesmo princípio da Bioenergética, de liberar a couraças musculares adquiridas.
Tipos de exercícios:
- Respiração:
A respiração é essencial, pois “levamos a vida do tamanho de nossa Respiração”.
Corresponde ao primeiro ato vital do ser humano, o qual vai estar presente durante toda a vida. Ao ser cortado o cordão umbilical, o ser humano entra em contato com o mundo através da respiração. É a forma de sentir os outros e o ambiente. Sempre que quisermos sentir menos, respiramos menos, aumentando as tensões e as couraças musculares.
Aliando a respiração ao movimento, é possível reduzir ou eliminar as tensões musculares, melhorando o contato sensorial e emocional com o mundo externo.
- Grounding:
É um dos exercícios fundamentais na bioenergética. É uma forma de fazer com que o indivíduo entre em contato com as realidades básicas de sua existência, com seu corpo.
Figura 1. Exercício Básico de Vibração e “Grounding” – Lowen, 1985.
- Arco:
É um exercício que ajuda a liberar a tensão abdominal e facilita o grounding.
Figura 2. Arco Ideal, fluxo livre ao longo do corpo e equilíbrio. (Lowen, 1982).
Figura 2. Excesso de rigidez. Inflexibilidade. (Lowen, 1982).
Hiperflexibilidade: falta de firmeza e determinação. (Lowen, 1982).
Couraças Musculares – 7 Segmentos Corporais
- OCULAR: complexo, compreende cérebro, audição e visão.
Os olhos como espelho da alma, traduzem o que ocorre no nosso interior e servem para estabelecer o primeiro contato que se inicia com a mãe durante a amamentação. Têm a função de contato, impressividade e expressividade.
O encouraçamento deste segmento pode se expressar como desatenção, cefaleias, fotofobia, falta de contato, disfunções do movimento ocular. Principal emoção contida: MEDO.
- ORAL: A boca é o sistema equilibrador de todo nosso sistema energético, possibilitando o segundo ato vital do ser humano que é a sucção. Na fase oral, o contato com o seio materno serve como matriz emocional que vai se refletir em toda a vida do indivíduo. No adulto, a boca tem função nutritiva, expressiva e de vocalização.
Couraças neste segmento podem se expressar pela contração e tensão excessiva dos músculos mastigatórios como bruxismo noturno (ranger os dentes dormindo) e distúrbios da ATM (articulação têmpora-mandibular). Principal emoção contida: RAIVA
- CERVICAL: O segmento cervical serve de ponte e ligação entre a cabeça – pensamento e consciente e o corpo -desejos e vontades – inconsciente. Inclui músculos da fala, deglutição, sustentação e movimentos da cabeça, glândula tireoide. A postura da cabeça e pescoço expressam a forma em que a pessoa se coloca no mundo: orgulho, submissão, ameaça, etc. A vocalização indica como a pessoa expressa suas emoções, relacionando-se com o ambiente. Principal emoção contida: NARCISISMO.
Sintomas e encouraçamento englobam: alteração do timbre da voz, sensação de “bolo” na garganta, tosse nervosa, dificuldade de chorar e gritar, distúrbios posturais, torcicolos, cefaleias de origem cervical, artrose cervical.Choros e gritos contidos, bem como “nãos” não ditos contribuem para o encouraçamento deste segmento.
- TORÁCICO: Ligado à vitalidade da pessoa, ao importante processo da respiração e a órgão vitais de troca energética entre o meio interno e externo (caixa torácica e pulmões). Representa a forma em que a pessoa entra em contato com o meio externo e sociedade e sua capacidade de amar.
A respiração alterada por encouraçamento neste segmento pode ser expressa através da dificuldade para expirar (botar o ar para fora) e consequentes deformidades torácicas como o peito inflado, doenças respiratórias como asma. Nestes casos, o indivíduo se defende do contato com o meio externo e têm medo ou pânico de sair de sua segurança ilusória.
No caso da dificuldade de inspirar (botar o ar para dentro), o indivíduo por pena de si mesmo, tristeza ou insegurança, tem medo do contato com o meio externo, estando sujeito a distúrbios pulmonares como pneumonias e atelectasias.
Musculatura do ombro (trapézio, escaleno e ECOM) excessivamente tensa e contraída pode estar relacionada ao excesso de medo ou de pressões do cotidiano, associado geralmente a anteriorização da cabeça, pois se tem que se seguir em frente. Principal emoção contida: CHORO.
Uma pessoa com a parte anterior do tórax fechada e encurtada associada a um arqueamento exagerado das costas (hipercifose torácica ou corcunda) se relaciona, segundo Lowen, ao excesso de medo do contato e à raiva contida.
Através da respiração, exercícios visando alongar a musculatura encurtada e reequilibrar a alongada, propiciamos o desbloqueio desta couraça, abrindo seu coração e sua autoconfiança e a capacidade de amar.
- DIAFRAGMÁTICO: Está diretamente relacionado à respiração e às emoções. Órgãos: diafragma, fígado, vesícula, estômago e duodeno.
- ABDOMINAL: Órgãos: músculos abdominais, intestinos e rins.
Relaciona-se às emoções e sensações mais primitivas. Sintomas de encouraçamento incluem: musculatura abdominal flácida ou hipertônica, gerando quadros de dores lombares e/ou hiperlordose lombar (excesso da curvatura da coluna lombar), prisão de ventre ou diarreia, bloqueio da passagem de energia da pelve para o coração.
- PÉLVICO: Tem a ver com a sexualidade humana e com a maneira em que se relaciona e transforma essa energia. A energia sobe pelos pés, pernas, chegando à pelve. A forma de contato dos pés e pernas com o chão indicam o grau de estabilidade, segurança e independência do indivíduo. Joelhos levemente dobrados (fletidos) e dedos em garra indicam pessoas muito terra e com dificuldades de abstrair, ousar ou criar. O contrário, ombros como se fossem ombreiras, altos, e dificuldade de colocar o calcanhar no chão refletiriam dificuldades de encarar o aqui e agora, de “aterrar”.
A pelve constantemente contraída (em retroversão) estaria relacionada com a perda constante de energia sexual, implicando na falta de energia para realizações.
Já o famoso “bumbum empinado” (com a pelve em anteroversão) seria um indicativo de excesso de energia sexual não canalizada por frustrações, medo ou raiva.
“O ideal é sempre o equilíbrio”.
Lowen, Alexander – Bioenergética (1975) – São Paulo, Ed. Summus, 6ª edição, 1982.